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quinta-feira, 28 março, 2024

Brasil tem maior índice de jovens ociosos, aponta Ipea

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A taxa de jovens do Brasil que não estudam nem trabalham, os chamados “nem-nem”, é de 23%, maior que a média da América Latina e Caribe, segundo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
O levantamento mostrou que, naquela região, 21% da população com idade entre 15 e 24 anos fazem parte do grupo sem trabalho ou estudo — o equivalente a 20 milhões de pessoas. Apenas El Salvador (24%) e México (25%) têm indicadores superiores ao brasileiro. Os outros quatro países pesquisados exibem proporções menores: Chile (14%), Colômbia (16%), Haiti (19%) e Paraguai (15%). 
A pesquisa revelou também que os nem-nem do Brasil têm o índice mais elevado, no universo pesquisado, de jovens completamente ociosos. Aproximadamente 12% não fazem tarefas domésticas, não ajudam em cuidados familiares ou em negócios dos pais, e também não procuram emprego. Na América Latina e Caribe, essa taxa é de apenas 3% dos nem-nem.
Somente o Chile tem proporção superior que a média da região, com 10% dos jovens nem-nem sem qualquer atividade —  mas ainda assim uma taxa inferior à do Brasil. Na Colômbia, El Salvador, Haiti, México e Paraguai, a proporção dos sem estudo ou trabalho que não desempenham nenhuma outra tarefa produtiva oscila entre 1% e 2%.
Entre as atividades realizadas pelos nem-nem brasileiros, 36% procuram emprego, 44% ajudam em cuidados familiares e 79% fazem trabalhos domésticos ou ajudam os pais nos negócios deles. Um mesmo jovem pode fazer mais de uma atividade, por isso a soma dos percentuais ultrapassa 100%.
Ter filho na adolescência é uma marca especial dos nem-nem em todos os países pesquisados. No Brasil, quase 25% deles foram pais ou mães precocemente. Anne Posthuma, especialista de emprego e mercado de trabalho da Organização Internacional do Trabalho (OIT), destaca que as políticas públicas precisam traçar estratégias para atender o jovem com filho, citando a conhecida falta de creches públicas no país.
As aspirações educacionais dos jovens em geral —  não apenas os nem-nem —  são mais baixas no Brasil que nos outros países pesquisados. Enquanto 94% dos que terminaram o ensino médio na Colômbia almejam alcançar o ensino superior, no Brasil são 77%. É a mais baixa taxa verificada na pesquisa. No grupo com ensino fundamental, 25% dos brasileiros aspiram chegar somente ao ensino médio. Apenas o Paraguai tem taxa maior, de 27%.
Embora a maioria queira ascender educacionalmente, os jovens brasileiros não mostram habilidades cognitivas e técnicas elevadas. A taxa de respostas corretas em testes de matemática foi a menor entre os países, de 46%, seguida em ordem crescente por El Salvador (53%), México (59%), Paraguai (60%), Haiti (60%), Chile (65%) e Colômbia (72%). A média ficou em 62%.
 
Leia também: Pobreza no Brasil volta crescer, aponta IBGE
 
Apenas 15% dos jovens brasileiros falam inglês fluente, apontou a pesquisa. Somente Paraguai e Haiti tiveram índices piores, de 10% e 11% respectivamente. El Salvador (27%), Colômbia (26%) e Chile (26%) aparecem com as maiores taxas. Já a destreza no uso de tecnologias digitais se mostrou bem difundida entre todos os países, com indicadores acima de 80%, com exceção do Haiti, onde só 55% dos jovens demonstraram conhecimento.
A pesquisa “Millennials na América Latina e no Caribe: Trabalhar ou Estudar?” foi realizada com a participação de mais de 15 mil jovens de 15 a 24 anos em nove países (Brasil, Chile, Colômbia, El Salvador, Haiti, México, Paraguai, Peru e Uruguai). Peru e Uruguai não aparecem nas comparações traçadas pelo estudo por questões metodológicas. O grupo do Ipea fez também uma pesquisa qualitativa, com 49 jovens de Recife, sobre temas derivados do levantamento.

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