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sexta-feira, 26 abril, 2024

Reféns da ganância

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Estamos reféns de um dos piores e mais nojentos sentimentos humanos. Não nos apontam armas para ameaçar. Somente mantêm preços. Somos dependentes do combustível para tudo – desde o uso do carro ao transporte coletivo. Somos dependentes de alimentos, todos transportados por caminhões ou veículos leves. Que usam também combustível.
Neste novembro, o preço dos combustíveis ficou 19% menor. Bem entendido, o preço que a Petrobras entrega da refinaria para as distribuidoras. Nos postos de combustíveis o preço continua o mesmo. Em alguns casos, maiores. A ganância predomina distribuidoras e postos. Não tem como fugir.
Mais incrível é que não há qualquer tipo de providência. Algo prático para colocar fim à usura desenfreada. E multiplicada quando se adiciona ao combustível original as misturas obrigatórias por lei. Gasolina, por exemplo, não é gasolina. É 73% gasolina e 27% álcool. Quase o mesmo acontece com o diesel. Isso na melhor das hipóteses.
Não se sabe o que é colocado em certas marcas – ou falta de marcas – de gasolina. Não se sabe o quanto de água colocam no álcool. Certeza mesmo é o gás – há casos em que metade era gás, outra metade ar comprimido.
Se a Petrobras tem dinheiro para patrocinar equipe de fórmula um, melhor seria usar esse dinheiro para baratear seu custo. Se a Petrobras fosse séria, bastaria não entregar gasolina para as distribuidoras que não repassam o desconto. Mas não é tão séria como pretende ser. Ou vender a imagem de séria.
Basta lembrar que da Petrobras muito foi roubado. E agora, para recuperar o que foi roubado, mandou a conta para os motoristas. E já está dando lucros fabulosos. Basta ver seus balanços.
Basta lembrar também que a Petrobras exporta gasolina a países vizinhos, os tais hermanos, a preço vil. Que seus próprios postos de combustíveis, os BR, continuam vendendo combustível sem desconto. Resumo da ópera: ela dá um péssimo exemplo à concorrência.
 
Leia também: Desemprego recua 11,7% no primeiro trimestre até outubro
 
Existe uma agência reguladora, a ANP (Agência Nacional do Petróleo). Mas a ANP faz ouvidos de mercador. Não fiscaliza e não pune. Deixa correr soltas a usura e a falsificação de combustíveis. Vez ou outras faz operações mais para espetáculo do que para eficiência. Contanto que essas operações apareçam na mídia. Que vendam sua imagem de instransigência no cumprimento das normais.
Seria utopia os motoristas boicotarem os postos. Utopia superior esperar que deputados e senadores criem comissões para investigar o que se passa entre a refinaria da Petrobras e os postos de combustíveis. Mas não é utopia obrigar os preços dos postos baixarem. Basta haver vontade e seriedade.
Enquanto isso não acontece, continuamos reféns. Reféns idiotas. Reféns que se jactam de viajar em qualquer feriado. De usar o carro sozinhos. De falar com certa altivez o célebre enche o tanque. Talvez mereçamos tal cárcere.

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