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quinta-feira, 18 abril, 2024

O Dia do Médico e a Saúde no Brasil

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“Queres ser médico, meu filho? Essa aspiração é digna de uma alma generosa, de um espírito ávido pela ciência. Mas, pensastes no que se transformará tua vida? Pensa bem enquanto há tempo. Mas se, indiferente à fortuna, aos prazeres, à ingratidão; e sabendo que te verás, muitas vezes, só entre feras humanas, ainda tens a alma estóica o bastante para encontrar satisfação no dever cumprido, se te julgas suficientemente recompensado com a felicidade de uma mãe que acaba de dar à luz, com um rosto que sorri porque a dor passou, com a paz de um moribundo que acompanhastes até o final; se anseias conhecer o Homem e penetrar na trágica grandeza de seu destino, então, torna-te médico meu filho.”  Esculápio.
O dia 18 de outubro é consagrado pela igreja romana a São Lucas, o médico, pintor e escritor grego Lukano, que, apesar de não haver conhecido Jesus em vida – foi convertido por Saulo de Tarso, alguns anos após a execução de Jesus, quando ansiosamente procurava pelo “deus desconhecido” – escreveu o mais lindo e mais profundo dos Evangelhos, além do livro dos Atos dos Apóstolos.
Em homenagem a São Lucas, desde o século XV, essa data é celebrada como o dia do médico em vários países da Europa, como Portugal, Bélgica, Reino Unido, Polônia e Espanha. O Brasil adotou essa data por influência da cultura colonizadora lusitana. A América Latina, todavia, não absorveu a mesma data de seus colonizadores castelhanos. Todos os demais países latino-americanos, à exceção do Brasil, comemoram o dia do médico em 03 de dezembro, em homenagem ao nascimento do médico cubano Carlos Finlay, o qual confirmou a teoria da propagação do vírus da febre amarela pelo mosquito Aedes Aegypti. Essa data foi consagrada em 1933 pelo Congresso Pan Americano de Medicina, realizado em Dallas. Na Argentina essa data foi oficializada em 1956 por decreto presidencial.
Os médicos estadunidenses têm a sua data celebrada no dia 30 de março (doctor’s day), comemorando a data em que a primeira anestesia fora aplicada com êxito em um paciente (1842), oficializado em 1990, por uma lei federal de inciativa do presidente George W. Bush. O dia 1º de julho é dedicado aos médicos na Índia, em homenagem ao nascimento do famoso médico indiano, Dr. Bidhan Chandra Roy (1882/1962).
No Brasil desse princípio de milênio, os médicos foram escolhidos pelo Governo Federal, em 2003, como a categoria profissional non grata e foram, com efeito, os profissionais mais perseguidos, menos valorizados e que tiveram os seus interesses mais contrariados. Apesar de politicamente bem representados – é a terceira maior bancada por categoria profissional, com 48 deputados e 5 senadores – os médicos não conseguiram aprovar nada de seu interesse durante os governos Lula/Dilma. Até uma de suas maiores bandeiras, a Lei do Ato Médico, pela qual lutaram durante vários anos, além de não atender totalmente seus anseios, deixou brechas para outros profissionais da saúde passassem a praticar atos que antes da lei, lhes eram privativos. Outra grande derrota foi o programa “mais médicos”, aprovado pela lei 12.871/13, que trouxe ao Brasil quase 14 mil médicos cubanos, sem revalidação dos diplomas e trabalhando em verdadeiro regime escravocrata.
Mas o maior malefício contra a classe médica, sem dúvidas, foi a proliferação desenfreada de faculdades de medicina no Brasil. Em 1º de janeiro de 2003 tínhamos 123 escolas médicas no Brasil. Foram criadas outras 195, num aumento de 152% e temos hoje 323 faculdades médicas em funcionamento, com cerca de 34.000 vagas para o primeiro ano. Se considerarmos a vida útil de um médico em 40 anos, concluímos que em 2010, teremos 1,2 milhão de médicos no Brasil (um terço, certamente, estará dirigindo Uber).
Esperamos que o próximo governo compreenda a importância destes profissionais, bem como da necessidade de implantação de uma política séria de saúde, para rever medidas equivocadas que foram adotadas ao longo dos últimos quatro governos e valorizando o médico e demais profissionais da saúde.

por Raul Canal
Presidente da Anadem – Sociedade Brasileira de Direito Médico e Bioética
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