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terça-feira, 19 março, 2024

Guerra perdida

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Com pompa e circunstância, nossas autoridades anunciaram que combateriam as fake news – ou notícias falsas – disseminadas principalmente em redes sociais. Seria uma guerra contra a propagação de boatos. Pois bem. Cumpre-nos comunicar que a guerra foi perdida. As notícias falsas continuam se espalhando como nunca.
Boatos não são novidade. Em 1564, por exemplo, o rei espanhol Felipe 2º foi vítima desse tipo de coisa. O império espanhol estava no auge. E então alguém resolveu espalhar que o rei havia morrido, vítima de tiros. A intenção era desestabilizar o império. O rei reagiu a tempo e abafou a história. Antes dele, seu pai, o imperador Carlos 5º, também havia sido vítima de fake news. À moda da época.
Há séculos que se espalha informações falsas. E cada uma delas tem determinada intenção. Para alguns, é pura desinformação. Para outros, uma ruse de guerre – um artifício lícito numa guerra.
Empresas também usam do expediente. Ou ninguém se lembra do sujeito que caiu dentro de um tonel de Coca-Cola? Era só boato. Alguém teve interesse no boato – prejudicar a empresa. Provavelmente uma concorrente. Antes, a propagação de uma notícia do tipo levava algum tempo. Hoje, com qualquer mané tendo acesso à Internet, o boato é como metástase.
Governos, via de regra, não têm moral para combater falsas notícias. Eles são autores da maioria. Alguém acredita nos índices de inflação? E a Petrobras que vive anunciando que baixou o preço da gasolina? E obras anunciadas que nunca passam de promessa? A maior fábrica de notícias falsas é o próprio governo. Pelo menos no caso brasileiro.
Políticos também despejam notícias falsas no atacado. Basta prestar atenção no horário eleitoral gratuito. O que teve de candidato a deputado falando em fazer coisas impossíveis beira o absurdo. E esse tipo de coisa não deixa de ser notícia falsa. Passado o primeiro turno, sobraram dois candidatos à Presidência. Ambos se acusam de propagar fake news – um mais veementemente; outro moderamente.
Mas fake news só prosperam por um motivo. Como a maioria não lê, e quando lê não interpreta, e quando interpreta não tem discernimeto, fica importante passar adiante a informação, embora falsa. E isso nos remete a outro problema – a falta de cultura e instrução de boa parte da população.
Assim fica mais fácil entender os porquês de sucessivos governos não se esforçarem para dar escola de qualidade à população. Aos políticos profissionais não interessa enfrentar um povo que saiba pensar. Bem mais simples lidar com ignorantes. Bem mais fácil controlar operários formados para produzir, não para pensar.
Como não só a batalha, mas toda a guerra foi perdida, só nos resta lamentar. Lamentar e rezar – cada um em seu credo – para que no futuro haja mais seriedade no trato com informações. Inclusive por parte de jornalistas hoje empregados na chamada grande imprensa. Pelo que fizeram, imprensa nanica de caráter e de responsabilidade.

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