24.8 C
Jundiaí
sexta-feira, 29 março, 2024

Cartão de débito/crédito deve acabar antes de dinheiro, diz pesquisa

spot_img

Há quem se pergunte o que vai acabar primeiro: o dinheiro ou o cartão de crédito. Mas pesquisas do instituto britânico RBR (Retail Banking Research), especializado em automação bancária, mostram que tecnologias em evolução concorrem com o dinheiro. Porém, conseguem substituir de maneira ainda mais eficiente o cartão de crédito emitido pelos bancos.
O diretor administrativo, Dominic Hirsch, e o analista sênior da instituição, Alex Maple, afirmaram que o uso de papel moeda continua a crescer, em especial nos países em desenvolvimento. Os especialistas apontam que cartões definitivamente vão desaparecer antes do dinheiro. E o motivo para isso é que soluções como cartões virtuais para pagamento sem contato e outras formas de transferência de valores por meio de celulares tornam a experiência do usuário “sem fricção”, ou seja, acrescentam conveniência e comodidade.
Por outro lado, de acordo com o diretor do RBR, no Brasil existem quase 60 milhões de desbancarizados. “Em países com um cenário como esse, o dinheiro provavelmente não vai deixar de ser usado tão cedo, ou irá entrar em declínio e eventualmente desaparecer em um horizonte que ainda não podemos enxergar.”
Na visão do pesquisador, as pessoas que estão fora do sistema bancário têm resistência em confiar nas instituições. “Se você pensar no processo de pagamentos com cartão, o que acontece é que você coloca seu dinheiro em uma conta e confia que o dinheiro está seguro, mas o papel moeda é muito mais básico, instintivo e tangível”, completa Hirsch.
Maple acrescenta que mesmo em países desenvolvidos, onde o uso do papel moeda apresenta uma tendência de queda, essa redução está ocorrendo de forma lenta e vai levar muitos anos para que o dinheiro físico efetivamente desapareça. “O que faz o dinheiro ser tão confiável é que, por exemplo, se ocorrer alguma catástrofe natural ou uma guerra nuclear, o dinheiro ainda será aceito como meio de pagamento. O dinheiro é um meio de pagamento confiável.”
Conforme os pesquisadores, entretanto, cada vez mais as novas tecnologias ampliam sua ameça tanto ao papel moeda quanto aos cartões físicos. “Das tecnologias hoje, de longe a maior ameaça ao dinheiro são as soluções móveis, por exemplo, Apple Pay e Google Pay, porque são um substituto direto [do pagamento físico]”, afirma Maple.
O Apple Pay substitui os cartões de crédito e débito com o uso da tecnologia sem fio NFC (Near Field Communication, ou comunicação por proximidade, em tradução livre do inglês). O dono do celular precisa antes cadastrar seus cartões, processo feito com uso da câmera embutida. Feito isso, o usuário pode realizar uma transação apenas aproximando o smartphone da maquininha de cobrança e autenticando o pagamento a partir do sensor biométrico do iPhone.
O Google Pay funciona também por meio de NFC. A ferramenta opera em aparelhos com sistema Android, mas, diferentemente da solução da Apple, por enquanto aceita o cadastramento apenas de cartões de crédito.
Maple lembra que as cédulas hoje em dia são mais utilizadas em pequenos estabelecimentos comerciais e de serviços, como lojas de conveniência, transportes e bancas de jornais. “No futuro, é muito simples e provável que o dinheiro nesses locais seja substituído por um cartão ‘contactless’ [sem contato] ou uma forma de pagamento móvel.”
Hirsch cita o exemplo da China. “Lá você tem o Ali Pay e o WeChat Pay, que são soluções de pagamento conectadas às redes sociais, sem utilizar estruturas de cartões, mas ainda ligadas aos bancos, pois a estrutura de crédito passa por essas organizações, porque você precisa colocar e tirar o dinheiro de lá”, explica.
O AliPay contabiliza 700 milhões de usuários e responde por mais da metade do mercado de pagamentos móveis da China, que gira US$ 5,5 trilhões por ano. O WeChat Pay é a solução de carteira digital do aplicativo de comunicação mais usado na China. A empresa divulga ter mais de 1 bilhão de usuários.
Juntar as facilidades de pagamento e transferência de dinheiro aos recursos do aplicativo tem-se provado um modelo de forte apelo. Pelo menos no país asiático. Para o pesquisador do RBR, a solução mostra muita flexibilidade, pois permite movimentar valores de maneira quase instantânea entre os usuários.
 
Leia também: Inscritos no Enem já podem checar local de provas
 
“Há sistemas diferentes em outras regiões ao redor do mundo, mas até o momento nenhum país adotou esse tipo de pagamento de pessoa para pessoa como a China”, avalia Hirsch. “A pergunta é se o que aconteceu na China vai ocorrer em outros países, ou se há algo diferente no mercado chinês”, acrescenta.
Na experiência do Reino Unido, o que tem mudado a regra do jogo, segundo Maple, tem sido o advento dos cartões digitais sem contato. A forma de pagamento contactless se popularizou muito depressa, “simplesmente pela ausência de fricção”, diz. Conforme o pesquisador, “se os meios de pagamento forem universais, confiáveis e sem fricção eles vão crescer e, reunidos esses aspectos, podem oferecer uma ameaça ao dinheiro e ao plástico, como já ocorre na China”.
Em algum momento no futuro, o dinheiro físico pode ainda ser substituído por soluções mais prosaicas, como um código QR. Para o diretor do RBR, “a tecnologia blockchain pode ter um papel futuro nos sistemas de pagamento para substituir o dinheiro, entretanto estamos muito distantes dessa realidade”.

Fonte: Valor Econômico 

Novo Dia
Novo Diahttps://novodia.digital/novodia
O Novo Dia Notícias é um dos maiores portais de conteúdo da região de Jundiaí. Faz parte do Grupo Novo Dia.
PUBLICIDADEspot_img
PUBLICIDADEspot_img

SUGESTÃO DE PAUTAS

PUBLICIDADEspot_img
PUBLICIDADEspot_img

notícias relacionadas