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sexta-feira, 19 abril, 2024

Uso indiscriminado de anti-inflamatórios coloca saúde em risco

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O Brasil é um dos dez países que mais consomem medicamentos no mundo. Em boa parte dos casos, esse consumo é feito sem prescrição médica, trazendo sérios riscos à saúde da população. Entre os medicamentos mais usados no País sem indicação de um especialista, estão os anti-inflamatórios não esteroides. São drogas como, por exemplo, ibuprofeno, o diclofenaco, a aspirina e a nimesulida.
De fácil acesso e muito comuns nas “farmácias caseiras” dos brasileiros, esses medicamentos, quando tomados sem indicação e acompanhamento médicos, podem agravar ou provocar problemas como gastrites e úlceras, aumento da pressão arterial, dificuldades no parto e hemorragias, além de prejudicar o coração, o fígado e os rins.
Os principais motivos que levam as pessoas a tomar anti-inflamatórios são as dores e febre, mostra pesquisa do Ministério da Saúde que ouviu mais de 40 mil pessoas de todas as regiões do País. Mais da metade, segundo o levantamento, usa por conta própria ou por recomendação feita por leigos
“O uso indiscriminado de medicamentos e a automedicação já fazem parte da rotina do brasileiro e essa é uma realidade que precisa de muita atenção. Usar remédios sem indicação de um especialista pode não só provocar efeitos colaterais e intoxicações medicamentosas como também mascarar doenças mais graves” alerta a médica Maria Gabriela Rosa, da Renal Quality, de Jundiaí.    
“Como o medicamento age sobre os sintomas, as pessoas têm a falsa sensação de que o problema foi resolvido, mas a causa continua lá. Muitas vezes tomar um remédio indicado por um amigo ou familiar pode até resolver a dor ou a febre , mas em médio e longo prazo isso pode trazer consequências sérias porque retarda o diagnóstico e compromete o sucesso do tratamento”, explica
Os rins estão entre órgãos mais afetados pelos efeitos nocivos dos anti-inflamatórios, de acordo com a nefrologista. Esse tipo de medicamento pode comprometer o fluxo sanguíneo renal, reduzindo a capacidade de filtração e eliminação de substâncias tóxicas do organismo, provocando o desequilíbrio entre sais e líquidos, e lesões no órgão, o que pode levar à insuficiência renal aguda ou crônica. Para quem já tem essa insuficiência, os anti-inflamatórios são contraindicados.
Idosos, hipertensos e diabéticos, que estão no grupo de alto risco para desenvolver lesão renal, também só devem tomar esses remédios depois de passar por um médico. “Mas, mesmo em pessoas saudáveis, o consumo rotineiro ou em excesso pode provocar problemas”, diz Maria Gabriela.
A especialista chama a atenção ainda para outros perigos que costumam ser ignorados pelas pessoas que se automedicam, como a associação com outros remédios que já estão em uso. “Só um médico pode avaliar se essa interação traz ou não riscos. Medicamentos que isoladamente contribuem para melhorar a saúde,  podem causar danos quando combinados”, diz.
 
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Para Maria Gabriela, é preciso um controle mais rigoroso na venda de medicamentos no País. “Hoje, o acesso é muito fácil. Muitas pessoas têm o hábito de se ‘consultar’ nos balcões da farmácia ou tomar um medicamento porque funcionou para um amigo ou parente. Também é comum aumentarem as doses indicadas pelos médicos, prolongar o uso e até trocarem o medicamento prescrito por um mais barato.
O médico conhece o histórico do paciente, sabe quais remédios já está tomando, as contraindicações específicas para o seu caso, a dosagem adequada e o período que o medicamento pode ser tomado em prejuízo à saúde”, afirma.
SAIBA MAIS
Pesquisa realizada pelo Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade (ICTQ) em 2014 mostrou que 76,4% dos brasileiros usam medicamentos por indicação de amigos ou da família. Duas pessoas se intoxicam com medicamentos no Brasil por hora, de acordo com dados do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox).
Em 2012, 129.279 caixas de anti-inflamatórios foram vendidas no País, segundo levantamento do Sindusfarma e IMS Health, 21,9% a mais do que em 2010. Mais de 60 mil pessoas acabaram no hospital entre 2010 e 2015 por causa da automedicação, aponta o Ministério da Saúde.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de metade da população utiliza medicamentos de maneira incorreta. Em diversos países, a nimesulida teve sua venda proibida e em outros, como EUA e Austrália, nunca teve o registro autorizado.

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