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sexta-feira, 26 abril, 2024

EDITORIAL: Às favas a primavera

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Talvez ainda reste alguma lembrança sobre a chegada da nova estação nas escolas infantis. Talvez. Há escolas que mexeram tanto em seus currículos, excluíram tanto conteúdo, que talvez as crianças nem saibam mais que o ano tem quatro estações. Que já foram importantes um dia, a ponto de Antonio Vivaldi compor música para elas. Será que alguém vai se lembrar que dia 23 é o início da Primavera?
O porquê do dia 23 de setembro: em termos de astronomia, ocorre o equinócio – dia e noite têm a mesma duração e os dois hemisférios estão igualmente iluminados pelo Sol. Mas a Primavera (que nasceu como primeiro verão) é só um dos muitos exemplos da decadência do ensino. Não se comemora, nem se ensina mais o que são as quatro estações assim como não se permite, em algumas escolas, que professores ensinem a tabuada.
A preguiça de quem manda no ensino prega que crianças devem descobrir sozinhas as contas de somar, subtrair, multiplicar e dividir. A mesma preguiça extirpou dos currículos assuntos como civismo e educação. Há crianças demais chegando às escolas com educação de menos. Não sabem o que é um por favor, um obrigado, um dá licença.
Ignoram o significado da bandeira nacional. O que cada cor representa, o significado das estrelas. Em muitos lugares, professores não ensinam porque são assuntos que não constam nos programas oficiais. Não estão no currículo escolar. Alie-se a essa ignorância crassa os exemplos que as crianças têm em casa. E assim teremos, em breve, uma geração de inúteis, de analfabetos, de mal educados.
Não teremos. Já temos. Basta observar o nível da maioria dos nossos estudantes. Principalmente os de escolas públicas. Estudantes que terminam o Ensino Médio sem saber o básico da Matemática. Ou um mínimo de Língua Portuguesa.
Inversão de valores. Há 40 ou 50 anos, estudar em escola pública era orgulho. Do estudante, dos pais, da família. Ensino puxado, professores rigorosos, notas difíceis de serem conseguidas. Os que não conseguiam acompanhar o ritmo do ensino público eram levados às escolas particulares. Mais fracas e mais condescendentes. Hoje ocorre exatamente o contrário.
Quem poderia fazer alguma coisa para resgatar o ensino não o faz porque não interessa. Povo que não pensa, que não estuda, que não tem raciocínio, que não tem cultura é mais fácil de manobrar. É tratado como gado e ainda aplaude tal tratamento. Contenta-se com as migalhas, traduzidas em benefícios sociais. Em favores que na realidade são seu direito.
Mas vamos cansar de ouvir promessas sobre melhorias no ensino. Há milagres para todos os gostos e ideologias. Mas a essência é única: manter o maior número possível de pessoas na ignorância.
Às favas a Primavera. Às favas o Verão, o Outono e o Inverno. Às favas o solstício e o equinócio. Que vão às favas também o afélio e o periélio. Resta-nos ouvir Vivaldi. Restam-nos As Quatro Estações.

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