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quinta-feira, 25 abril, 2024

A lógica do ilógico

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Um sujeito que planta tomate, alface, rúcula, batata, almeirão, tem dois caminhos para lucrar com sua produção. Num, entrega tudo ao entreposto, que vai revender essa produção e ganhar algum dinheiro em cima. Noutro, consegue entregar diretamente ao interessado, seja um feirante, dono de restaurante ou mercearia.
No primeiro caminho, ganha menos. A diferença de preço entre a saída da roça e a chegada ao consumidor é gigante. Tem só a vantagem de entregar tudo num mesmo lugar, receber o dinheiro, e se a mercadoria não sair, o problema não é mais dele. No segundo caminho, recebe mais, mas precisa espalhar suas entregas.
Mas se o sujeito plantar cana e tiver uma usina? Nesse caso ele é penalizado. Só tem um caminho para escoar o etanol – a distribuidora. Não pode vender diretamente ao posto. É proibido por lei. E, mais que lógico, a distribuidora multiplica o preço por dois, às vezes até três.
Nesse caminho, todo mundo paga um pouco de imposto. É o chamado efeito cascata. O álcool (ou etanol) saído da usina paga ICMS. A distribuidora, quando manda o álcool para o posto, paga novamente ICMS. No fim, quem paga a conta na realidade é o motorista.
Com a gasolina, acontece coisa parecida. A gasolina é uma só, fornecida pela Petrobras, que tem seu monopólio. Cada distribuidora (ou marca) faz a mistura com 27% de álcool (espera-se que seja só isso), dá-lhe um nome (plus, hiper, ultra) e manda para o posto. Com bastante lucro. Novamente quem vai pagar a conta é o motorista, com todos os ICMSs incluídos.
Há mais coisa para ser explicada. Diz a Petrobras que o País produz 80% do combustível necessário, e importa somente 20%. Difícil conferir, mas vamos acreditar. E a mesma Petrobras afirma que controla os preços com base no mercado internacional do petróleo. Mas vem a pergunta: se a base é o mercado internacional, não deveria haver variação somente nos 20% importados? Mas a ganância é maior – abrange os 100% consumidos.
Há outras perguntas. Se o motorista brasleiro paga quase cinco reais pelo litro da gasolina, como o Brasil vende a mesma gasolina (mesma não, melhor, sem álcool) para a Bolívia por R$ 1,60 o litro? É muita camaradagem. A mesma camaradagem para com a Argentina e o Paraguai.
Nessa conta não entram as fraudes praticadas por centenas de postos, que colocam menos gasolina no tanque do que o marcado na bomba. Raramente esses postos são apanhados. Mais raramente, punidos.
O presidente vampiro vive dizendo que o Governo não tem dinheiro, que a Petrobras precisa ser recuperada, que é preciso sacrifícios. Uma cantilena que já deu o que tinha de dar. Descobriu-se agora que o governo brasileiro fez (e continua fazendo) empréstimos de dinheiro a outros países. Empréstimos secretos, diga-se de passagem.
Fala-se muito do financiamento do BNDES para Cuba construir um porto. Isso dos tempos de Lula e companhia. Mas é café pequeno perto de outros financiamentos camaradas feitos pelo Brasil a países miseráveis. Ou tão corruptos como o nosso.
E ainda há gente exigindo respeito. Respeito à autoridade. Respeito às leis. Algo incompreensível ante tanta falta de lógica. É o mesmo que proibir o cigarro na zona do meretrício e impedir quengas de falar palavrão.

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