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quinta-feira, 28 março, 2024

Uma tribuna mal usada

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Quem acompanha as sessões da Câmara de Jundiaí já se acostumou ao palavrório inútil da tribuna durante o chamado Grande Expediente. É o espaço, após as votações, que vereadores se inscrevem para falar sobre temas que consideram relevantes, sem precisar se ater a projetos em discussão.
Vez ou outra há vereador extrapolando a liberdade de falar. Ou, na melhor das hipóteses, discorrendo sobre assuntos que não têm nada a ver com o interesse público. Na semana passada, por exemplo, o vereador Roberto Conde deu exemplo claríssimo dessa falta de noção.
Conde, que é pastor da Igreja Universal, usou a tribuna para propagandear o filme Nada a Perder. Filme que a resenha coloca como vítima o bispo Edir Macedo, criador da Igreja Universal. Conde convidou funcionários e outros vereadores para a sessão pipoca. Citou nominalmente os shoppings da cidade onde poderia ser visto tal filme.
O bispo Macedo pelo menos não prega violência. Como consegue dinheiro e como faz seus milagres são histórias que não cabem estar em julgamento aqui. Deve ser um filme bem feito (não faltam recursos à igreja) e que santifica Macedo.
Mas é um assunto que deveria ser evitado na tribuna de uma Câmara Municipal. A Constituição prega o princípio da isonomia, da igualdade para todos. E se houvesse na Câmara um vereador mais libertino, mais devasso? Teria ele o mesmo direito de propagandear filmes da produtora Brasileirinhas? Certamente seria barrado em nome da moral e dos bons costumes.
A fala de Conde é um exemplo. Em Jundiaí e em outras câmaras existe a mesma perda de tempo por falta de assunto. Existe o mesmo palavrório dirigido, que nada dizem sobre interesse público. Nâo refletem o problema de comunidades.
A Câmara nada mais é que um extrato da população que vota. Se há falta de qualidade, é porque o eleitor também não tem qualidade. E assim escolheu mal quem o representa. Mas uma vez eleito, esse representante precisa pensar melhor antes de abrir a boca.
É mais producente, mais útil, mais digno mostrar problemas vividos pela cidade. Ou mostrar as virtudes da mesma cidade. Ou ainda dar ciência de eventos futuros de determinados bairros, como festas cívicas ou religiosas. Mas promover o filme não foi uma atitude coerente.
Da mesma forma que a Câmara recebe um bispo da Igreja Católica, pode receber um líder evangélico ou umbandista. E até o próprio Edir Macedo. Não há problema. A liberdade de manifestação, a liberdade religiosa, a essência democrática permitem tais atos.
Mas não fica bem um vereador ocupar tempo na tribuna para promover filme. Para convidar pessoas a assiti-lo. Há assuntos muito mais importantes a serem tratados, abordados e talvez resolvidos. Que se use bem o espaço. Caso contrário, o descrédito nos representantes da plebe só tende aumentar.

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