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sexta-feira, 19 abril, 2024

Coitadinho do Judas…

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No sábado de Aleluia, seguindo uma tradição milenar, muita gente faz a malhação do Judas. Uma espécie de vingança ao apóstolo que traiu Jesus Cristo, segundo a bíblia. Está tudo errado. Judas precisa ser poupado, até porque precisaria devolver as 30 moedas que recebeu dos sacerdotes da época. E com juros e correção monetária.
Muita gente também aproveita e traveste o Judas com personalidades políticas. Lula já foi malhado mais de uma vez. A Dilma escapou – mas se a tradição fosse malhar Maria Madalena Dilma teria vez. Também está tudo errado.
Quem precisa ser malhado é o povo. A explicação tem lógica: é o povo que coloca essa gente. É o povo que vota nessa gentalha. É o povo que idolatra essas cavalgaduras que mandam no país. É o povo que elege ladrões e depois reclama que é roubado.
Judas recebeu 30 dinares para trair seu mestre. Dinheiro de pinga. Daria para comprar, naquela época, no máximo uma biga. Bem menos do que essa turminha do Mensalão e da Lava Jato recebeu para trair 200 milhões de brasileiros. E roubalheira política não é coisa nova. Não foi a Lava Jato que descobriu a pólvora.
Só para comparar – hoje qualquer ponte, estrada, avenida, escola tem superfaturamento. Tem propina. Tem corrupção. No final dos anos 1950 construiu-se Brasilia. Construiu-se uma cidade inteira. Dá para imaginar o tamanho da roubalheira. A Lava Jato expôs a roubalheira como nunca antes havia sido feito.
Quando o mestre de Judas nasceu há o episódio da estrela de Belém. A roubalheira por aqui tomou proporções gigantescas com o aparecimento de uma outra estrela. Mas sempre se roubou, e muito. Desde os nossos descobridores lusitanos, que daqui levaram o que puderam.
Alegam os fiéis seguidores de algumas figuras políticas que a culpa é da Justiça. Não é. A culpa continua sendo do povo. Que elege os ladrões. E os larápios indicam ministros para as instâncias superiores. Quem convive com ladrão é o que? Santinho? Incorruptível? Vestal? Nada disso. Os iguais se atraem.
Diz a Constituição (outra piada pronta) que todos são iguais perante a lei. É o tal princípio da isonomia. Então que se solte todos os presos já condenados ou não até que os ministros do STF julguem seus casos. Dá até para imaginar a valentia de um Gilmar Mendes para enfiar ladrão na cadeia. Ladrão comum, não de colarinho e gravata.
Judas não aproveitou o dinheiro ganho com traição. Se enforcou logo depois, arrependido. Mas os nossos traidores não se enforcam. Nem nisso são capazes de seguir o exemplo de Judas. Aproveitam bem o saldo do butim em carrões, mansões e viagens. Vivem a vida, como dizem os colunistas sociais.
No sábado de Aleluia – repita-se – quem deve ser malhado é o povo. Que acredita nas mesmas promessas de sempre. Que consegue eleger os piores dentre os piores. Judas está merecendo estátuas em praças públicas. E nossos ladrões um patíbulo nas mesmas praças. Mas por ora isso é o mesmo que acreditar no coelhinho da Páscoa.

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