Quando você decidiu partir eu não quis te prender. Insistir para você continuar ao lado de uma egoísta como eu, era egoísmo de mais.
Você sempre deixou claro nossa individualidade e liberdade, achei que não insistindo evitaria seu sufoco, sua prisão. De fato te fazer ficar poderia machucar mais do que te deixar ir. Mas para mim o sufoco da sua partida é quase insuportável.
Na verdade, nossa discussão de despedida me tornou apática por algumas horas. Não senti nada, nem vazio, nem dor, nem desconforto. Tudo estava normal. Mas conforme a noite entrou pela janela o aperto veio, os dedos tremeram para te mandar mensagem, as lágrimas molharam a fronha e eu me arrependi de não ter te laçado enquanto pude.
Ingenuidade da minha parte pensar que meu coração poeta não te escreveria mais. Que meus sentimentos não atormentariam meu sono e meus dias. Que ver o amor partir seria tão fácil quanto deixa-lo entrar. Pobre de mim que não estreitei as estradas da saída. Achei que eu é quem deixaria tudo para trás, eu cansaria do seu carinho, tolice.
Agora eu só queria te dizer “Ei! Volta aqui, deixa eu segurar sua mão mais uma vez”. Mas nem as lembranças criadas pela imaginação eu permito ficar.
Te deixei ir e como bom viajante você levou as melhores coisas da minha loja de souvenires, inclusive as lembranças… E o coração…
Com todo o vazio,
por Beatriz Dias
