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sexta-feira, 29 março, 2024

Hilaris est, sed communi sensu carent

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Dá até para apostar nas bobagens que muita gente vai fazer no final de ano, descontadas as promessas de parar de fumar, ou de beber, que jamais serão cumpridas. É, como todos os finais de ano, um verdadeiro festival de falta de noção – em alguns casos, de vergonha mesmo. Em nome da troca de ano – que não quer dizer absolutamente nada – tudo pode.
A orgia etílico-gastronômica começa antes do Natal, quando empresas promovem a tal confraternização de seus funcionários. Basta observar os restaurantes escolhidos, onde esses confraternizadores ocupam grandes mesas, falam muito alto e sempre tem alguém chorando – e a maioria puxando o saco dos chefetes.
Continua no Natal, onde parece ser obrigação comer peru (no bom sentido), se encher de bacalhoada, misturar cerveja, vinho, vodca, uísque, conhaque e outros venenos em nome da alegria. Aí vem a ressaca e a promessa de nunca mais fazer isso – que será quebrada exatamente uma semana depois.
Reveillon é outra oportunidade de se expor ao ridículo. Por que mulheres precisam vestir necessariamente algumas cores? Por que o branco em nome da paz, prenunciando brigas com amigas e com a sogra no dia seguinte? Por que o amarelo, símbolo da riqueza (ouro) se todo mundo está na pindaíba, com carnê atrasado, conta do açougue pendurada e prestação do carro vencendo? Talvez duas únicas cores se expliquem – o verde, pela esperança, e o vermelho pela paixão, também conhecida como fogo no fogo.
Não é a ressaca física que chama a atenção, nem a quantidade de Epocler e Engov dos dias seguintes. É o comportamento dessas pessoas, alegres demais, contagiadas demais por um espírito que não existe. Como não existe também confraternização. Festa de confraternização é um dos maiores faz-de-conta – no dia seguinte é retomada a disputa pelos cargos e benefícios da empresa.
A previsão do final de ano é exatamente essa. As famílias se entupindo com panetones, sidras e frisantes a título de aperitivo. Pernil, peru, chester (acompanhado da maldita farofa) na ceia que não é ceia – está mais para um festival pantagruélico. Doses para Natal e Ano Novo. E no resto do ano, faz o que?
Nada. Reclama que ganha pouco, que os impostos estão pela hora da morte, que a gasolina está cara demais e assim não dá pra encher o tanque da Brasília. Mas serão dez dias de pura anestesia. E esse espírito só acaba em janeiro, quando a realidade bate à porta: IPVA, IPTU, mensalidade e matrícula da escola, material escolar, mensalidade do perueiro, mais as contas empurradas com a barriga há meses.
Pode ser alegre, divertido, mas falta bom senso.
Por Anselmo Brombal

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