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sexta-feira, 29 março, 2024

Terra em Transe é só uma profecia do Brasil de hoje

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Há 50 anos, Glauber Rocha, considerado maluco, produziu Terra em Transe – um retrato perfeito do Brasil de hoje
Glauber Rocha sempre foi visto como um cineasta de vanguarda. Mas nem tanto. Quando lançou Terra em Transe, em 1967, acusaram-no de estar delirando. Cinquenta anos passados mostraram que o filme era só uma profecia no que se transformaria o Brasil de hoje.
No filme de Glauber, tudo era convulsão – partidos políticos, juízes, empresários, promotores se acusando entre si – em nome da defesa do povo, na realidade solenemente ignorado.
O herói de Terra em Transe é o poeta e jornalista Paulo Martins, interpretado por Jardel Filho, especializado em trabalhar para políticos. Na fictícia república de Eldorado, campanhas políticas são polarizadas e confusas como as que deram justificativa ao golpe de 1964 e ao impeachment da presidente Dilma Rousseff em 2016.
Dois líderes populistas disputam a Presidência: o religioso Porfírio Diaz (Paulo Autran) e o ex-sindicalista Felipe Vieira (José Lewgoy). Paulo é assessor de Diaz, mas se enoja com falsas promessas e passa a apoiar o opositor. Erra de novo. Como o rival, Vieira jura combater a fome e governar para todos. Mas faz um pacto com políticos e empresários desonestos. Entre eles, Júlio Fontes (Paulo Gracindo), o magnata da TV. Diaz acaba eleito na base de propina e exposição na mídia.
O diretor baiano Glauber Rocha (1939-1981) enfurecia tanto a esquerda como a direita. Além de satirizar ambas, valia-se dos então detestados políticos liberais para patrocinar seus filmes. Assim rodou o documentário Maranhão 66, para a campanha a governador de José Sarney – que a descartou, por ser realista demais.
Era amigo do senador-governador-orixá Antônio Carlos Magalhães, que sempre o apoiou. Fazia profecias, em geral sobre o passado. “Ainda faremos filmes feios”, disse em 1970 para valorizar a precariedade de Terra em Transe. Resumia assim a sua arte: uma ideia na cabeça e uma câmera na mão. Deixou nove longas-metragens de ficção e oito documentários.

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