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quarta-feira, 17 abril, 2024

Unicamp alerta para danos do clareamento dental

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O sorriso pode ser revelador: manchas nos dentes entregam anos de tabagismo, consumo regular de vinho tinto e café ou desleixo com a própria saúde. A solução estética mais viável e acessível é o clareamento, apesar de riscos como o aumento da sensibilidade dentária e a irritação gengival.
Interessados no procedimento, contudo, precisam estar atentos ao fato de que ele pode deteriorar as resinas, especialmente as de restaurações antigas. O alerta vem de um estudo da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
A cirurgiã-dentista Thayla Hellen Gouveia, que fez o trabalho sob orientação da professora Débora Lima, explica que o contato entre o produto clareador e a resina é inevitável. Por causa do carbopol, um espessante importante para rações clareadoras, há deterioração na superfície e redução na microdureza dos materiais já presentes no dente.
“A grande preocupação está relacionada ao fato de que nem sempre essas restaurações precisam ser substituídas depois (do clareamento), além de não haver um consenso na literatura acerca dos possíveis efeitos deletérios da ação química dos géis”, complementa.
Thayla Hellen não só constatou, em laboratório, que os clareadores alteram negativamente a cor, o brilho, a rugosidade e as microdureza das resinas, como também produziu um gel menos nocivo. As pesquisadoras contam que a rugosidade, um dos aspectos mais prejudicados pelo clareamento, está diretamente ligada à alteração da superfície e da reflexão do brilho das resinas. O aumento da rugosidade pode favorecer, por exemplo, o aparecimento de novas manchas.
“Restaurações com superfícies muito rugosas tendem a refletir pouco brilho, destacando-se negativamente no dente. Além disso, uma superfície rugosa facilita o acúmulo de pigmentos provenientes da dieta do paciente, levando ao manchamento e comprometendo o tratamento estético”, reforçam Débora Lima e Thayla Hellen.
O estudo engrossa o acervo de pesquisas sobre danos às restaurações. Outros especialistas afirmam que o clareamento agressivo reage quimicamente com a resina composta e também com o cimento de ionômero de vidro, os selantes e as coroas cerâmicas, reduzindo a estabilidade e a durabilidade dos reparos odontológicos.
Pesquisa desenvolvida na Fujian Medical University, na China, e publicada no Journal of Dentistry em 2013 mostrou que resinas expostas a um gel clareador com 40% de peróxido de hidrogênio (ou H2O2, o princípio ativo de muitos tratamentos) sofreram amolecimento da superfície, especialmente quando expostas a 37ºC, temperatura média de uma pessoa saudável.
As condições das experiências não incluíram escovação com dentifrício (pasta de dente) e, por isso, não reproduzem a realidade humana, que pode ser bem pior. Isso porque, além de amolecimento, há o risco de a escovação provocar a perda de materiais usados no reparo dos dentes. Na Near East University, na Turquia, pesquisadores avaliaram os efeitos de cinco clareadores já comercializados em amostras de resina. Conforme relataram em 2013 no Journal of Color and Appearance in Dentistry, todos os tratamentos promoveram significativa e “inaceitável” mudança de cor nas resinas.
Coordenadora de Odontologia da Faculdade de Medicina de Petrópolis (RJ), Vera Soviero esclarece que pessoas com restauração dentária não estão impedidas de fazer o clareamento. No entanto, devem chegar ao consultório conscientes de que o resultado pode não ser o esperado.
“Dentes com canal tratado que sofreram um processo de escurecimento podem necessitar de outro tipo de procedimento, chamado de clareamento interno”, exemplifica. Provocada por traumatismos, medicação no canal ou vazamento de sangue, essa mancha costuma ser amarelada ou cinzenta.
Para os demais casos, é consenso entre os dentistas que os clareamentos mais eficientes são feitos no consultório. A concentração de H2O2 varia de 10% a 35%, dependendo da técnica. “O resultado vem mais rápido, mas há maior risco de ocorrência de sensibilidade, pois a concentração do agente clareador é mais alta”, alerta Soviero. Ela enfatiza que não há evidência científica de que o uso de luz intensa ou laser durante a aplicação do gel clareador no consultório torne o processo mais rápido ou eficiente.

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