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sexta-feira, 29 março, 2024

Miguel Haddad, um olho em Brasília, outro em Jundiaí

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No fim dos anos 1980, o então vereador Miguel Haddad apenas sonhava com uma carreira política mais promissora. Em 1992 elegeu-se vice-prefeito, e dois anos depois, deputado estadual. Mais dois anos tornou-se prefeito, e com a aprovação da reeleição, concorreu novamente e ganhou.
Ficou fora quatro anos, e em 2008 foi novamente eleito prefeito. Em 2012 preferiu ficar de fora, mas em 2014 elegeu-se deputado federal. Em pouco mais de um ano tornou realidade o sonho dos tempos de vereador – hoje é o presidente estadual do PSDB (e isso no estado mais importante do País) e o primeiro vice-presidente da CPI do BNDES, cargo que está lhe dando uma visibilidade nunca sonhada.
Fala-se, em todo o estado paulista, que Miguel deverá ser candidato a senador (em 2018 serão escolhidos dois). É uma leitura até simplória: o governador Geraldo Alckmin não pode disputar a reeleição; no caso, o candidato seria José Serra, hoje senador. Se o PSDB optar por chapa pura, novamente Miguel é citado como provável candidato a vice.
Há outro fator, as composições partidárias. E nelas, Miguel aparece em todas. Mesmo assim, há quem afirme que ele poderá ser novamente candidato a prefeito de Jundiaí em 2016 – hipótese não totalmente descartada pelo próprio Miguel.
A presidência do partido tem importância para a cidade. “O PSDB é hoje um partido presente em todo o Brasil – diz Miguel. E a atual executiva é que acompanhará as eleições do próximo ano. Como presidente do partido, vou dar sequência natural aos processos em andamento, à solução de possíveis conflitos entre candidatos nos diversos municípios”.
Ele diz que a preocupação maior é a cidade de São Paulo. “Na Capital teremos um processo muito difícil na escolha de candidato no ano que vem, afirma. E essa é uma responsabilidade da executiva estadual; apoiar, intervir se preciso, mas isso é exceção, mas principalmente compatibilizar os interesses dos candidatos nos 645 municípios do estado”.
Não será tão fácil. O PSDB tem diretórios em todas as cidades paulistas e o partido tem como característica não interferir nos diretórios. “A maioria dos diretórios não é provisória – diz Miguel. A maioria é eleita, estável, com vida própria, onde a interferência é exceção. O que nós vemos na maioria dos partidos é uma maioria de diretórios provisórios”.
O deputado explica também que a orientação do partido é ter candidatos em todas as cidades. “Onde for possível teremos candidatos, onde não, podemos fazer composição com outros partidos”. Ele afirma também que em todas as cidades as chapas de vereadores completas.
Em Brasília, o papo é outro. Na vice-presidência da CPI do BNDES é o que o povo chama de “briga de cachorro grande”. Sobre o trabalho da CPI, Miguel entende que enfrenta dificuldades, que já eram esperadas.
“Na verdade, essa CPI apura os processos administrativos, as linhas de créditos do BNDES – diz Miguel. Pra ser ter uma idéia, o BNDES, antes dos governos Lula e Dilma, atuava com valor em torno de 40 bilhões de reais. Quando o então ministro Guido Mantega assumiu a Fazenda, isso salto para 450 bilhões de reais”.
As desconfianças sobre os negócios do BNDES, já divulgadas pela imprensa, motivaram a investigação dos deputados. “Algumas empresas, conta Miguel, estão sob suspeição. Muitas das obras financiadas pelo BNDES foram superfaturadas, e cito como exemplo a usina de Belo Monte, e isso já apareceu numa delação premiada na investigação sobre a Petrobras”.
Miguel cita também a JBS (Friboi) como beneficiária desses empréstimos. “Ela recebeu financiamentos do BNDES, e o banco participa dessa sociedade – afirma Miguel. Hoje, 33% aproximadamente, do Friboi, são da Caixa Econômica e do BNDES, ou seja, o governo federal é acionista da Friboi; isso é inclusive concorrência desleal, e todo mundo gostaria de ter um sócio como o BNDES”.
Haddad estranha também a generosidade da JBS-Friboi, que embora emprestando dinheiro do BNDES faz doações para campanhas políticas. “A JBS doou 300 milhões de reais à classe política, e essa generosidade a coloca sob suspeição”, diz ele. Por que uma empresa, que fez empréstimos para capital de giro, faz doações nesse volume?”
Ele fala também sobre o tráfico de influência nos empréstimos. “Do ponto de vista formal, tudo está certo, os papéis estão em ordem, afirma Miguel. Mas quando você investiga, está claro o tráfico de influência. Exemplo é o Porto Mariel, de Cuba, o metrô da Venezuela, obras em Angola. Como esses países não fazem concorrência, você não consegue avaliar o custo dessas obras”.
Miguel reclama também da blindagem (para ele natural e esperada) de empresários e figuras políticas. “O ideal seria ouvirmos os empresários envolvidos, os políticos envolvidos, e o próprio ex-presidente Lula, mas não conseguimos aprovar requerimentos para sua convocação, pois é natural que haja uma blindagem”, afirma.
Chega a ser irônico quando se refere às “pedaladas” divulgadas recentemente dos governos Lula e Dilma. “Quando eles falaram que esses recursos foram para pagar o Bolsa Família – diz Miguel – na verdade foram para grandes empresas, uma Bolsa Empresário, no caso do BNDES”.
E para o próximo ano, ser ou não candidato a prefeito? “Ando nas ruas, e essa é uma pergunta recorrente, se sou ou não candidato a prefeito – diz Miguel. Posso ser, não tenho nenhum impedimento. As pesquisas que colocam em condições de disputar as eleições, com condições de ganhar, mas as pesquisas são um momento do processo eleitoral. Já afirmei ao partido, que se houver alguém do grupo que possa, efetivamente, disputar essas eleições, eu abro mão, o que acho justo. Felizmente o PSDB tem bons nomes em Jundiaí, como o Ricardo Benassi, que já se colocou como candidato”.
Como candidato ou não, Miguel garante que estará acompanhando as eleições de 2016. “Tenho uma responsabilidade com a cidade, e vou acompanhar esse processo; além disso tenho a ligação afetiva com a cidade onde nasci”, finaliza.

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