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sexta-feira, 19 abril, 2024

Escolas não estão preocupadas com qualidade

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No dia 15 de outubro, quando se comemora o Dia do Professor, muitas escolas farão festas e homenagens. Em dezembro, no fim do ano letivo, muitas dessas escolas demitirão esses professores sem a menor cerimônia. Em seu lugar, contratarão outros que ganhem menos e questionem menos ainda.
Infelizmente essa é a realidade, com poucas exceções. “O professor tem o que comemorar em seu dia, diz Sandra Baraldi, presidente do Sinpro. Mas comemorar sua escolha, apesar das dificuldades”. Sandra dá aulas há 20 anos, está no sindicato há nove, e desde junho o preside. Casada com Adilson, com uma filha e uma neta, vê que a relação entre professores e alunos mudou muito nos últimos tempos.
“O professor já foi mais respeitado. Hoje é um empregado da família – diz ela. Não estamos mais trabalhando com crianças. Hoje trabalhamos com os pais, com as famílias”. Pura realidade. Professores reclamam que são obrigados a ouvir asneiras, principalmente de pais de alunos, que os tratam como empregados. “O professor hoje está amedrontado”, diz Sandra.
A base do Sinpro é de dois mil professores, somente em Jundiaí. São professores de escolas particulares, faculdades, Sesi e Senai. E no meio dessas escolas há de tudo, até aquelas que não pagam os professores em dia.
É uma política simples, explica Sandra. “Há escolas que preferem ter boa aparência, com brinquedos que atraiam as crianças. Com isso, o professor fica de lado. Quando os pais visitam a escola, pensando em matricular as crianças, se impressionam com os equipamentos, com a aparência, e não com a qualidade de ensino”.
Sandra aponta também outro fator. As escolas estão se tornando verdadeiras empresas por causa do Fies (Financiamento Estudantil) e por causa do EAD (Ensino à Distância). “No caso do EAD, há um absurdo, explica Sandra. O aluno estuda pela Internet e consulta seu tutor quando tem dúvida. Um tutor responde por 600 alunos em média, o que significa que são 600 alunos fora da escola, estudando em casa (quando estão estudando), e o que resulta em seis salas de aula a menos. Isso desemprega os professores”.
O caso do Fies também é cruel. “O aluno se socorre do Fies, a escola recebe do governo – explica Sandra. Quando o aluno se forma tem uma dívida a pagar. Será que vai encontrar mercado para trabalhar? A escola já recebeu e fez sua parte, lhe dando o diploma”.
A qualidade do ensino também preocupa o Sinpro. Há faculdades que antes tinham aulas de segunda a sexta-feira, conta ela. Primeiro suprimiram as aulas das sextas, agora já estão suprimindo as das quintas. Isso significa que o professor terá menos hora-aula a receber”.
Ela lembra que o papel do professor dentro de uma sala de aula envolve outras qualidades além de ensinar. “No caso das crianças, somos nós, professores, uma espécie de conselheiros, psicólogos, amigos e até suprimos a carência familiar. Há casos – conta Sandra – que as crianças ficam mais afeiçoadas aos professores que aos familiares, e isso desperta ciúmes”.
Outro problema é a agressão, que se tornou comum em salas de aula. “Não temos notícia de agressões físicas no Sinpro, mas de agressões verbais sim, explica. E são agressões que partem tanto de alunos quanto de seus pais”. O futuro é sombrio se a situação perdurar: “Seremos um bando de ignorantes”.

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