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quinta-feira, 28 março, 2024

Conversa de empreiteiro cita Aécio Neves, afirma a PF

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Trocas de mensagens do celular do ex-presidente da OAS Léo Pinheiro interceptadas pela Polícia Federal que citam “Brahma” em referência ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também mencionam “Aécio” e indicam que o executivo teria se reunido com o senador do PSDB em 2012 ao mesmo tempo em que a empreiteira buscava apoio de políticos ligados ao PT para expandir a atuação da empresa na África. Aécio Neves admitiu ao jornal Estadão que já se encontrou com o empreiteiro, mas disse não se recordar da data especifica.
A Polícia Federal não atribui no relatório nenhuma suspeita sobre o senador nem sobre o ex-presidente Lula. O documento de 38 páginas apenas transcreve correspondências do empreiteiro Léo Pinheiro nas quais são citados “Aécio”, que a PF intui ser o senador, e “Brahma”, supostamente como os executivos das construtoras do cartel na Petrobrás chamavam o petista. O relatório foi anexado aos autos da 14ª fase da Lava Jato, que levou à prisão executivos das empreiteiras Andrade Gutierrez e Odebrecht.
“Quem marcou (o encontro de executivos da empreiteira com o embaixador de Moçambique no Brasil Murade Murargy) foi a Mônica, mulher de Franklin (Martins, ex-ministro da Secretaria de Comunicação do governo Lula). Segundo ela, seria uma aproximação para 2014. Ele deve coordenar. Disse-me também que os 2 (CNO e AG, em referência à Odebrecht e Andrade Gutierrez) estão em pé de guerra. Vou confirmar sua ida. Nesse mesmo horário vou estar com Aécio”, disse Leo Pinheiro em mensagem encaminhada no dia 26 de novembro de 2012 ao então diretor superintendente da OAS Internacional Augusto Cézar Uzeda.
A mensagem é a única citação a Aécio nas conversas de Léo Pinheiro que aparece no relatório da Polícia Federal e, segundo os próprios investigadores, indicam o nome do político, atualmente presidente do PSDB, principal partido de oposição ao governo federal. A mensagem, contudo, não deixa claro o que seria a “aproximação para 2014”, ano das eleições, ou mesmo por que os executivos teriam marcado o encontro com Aécio no mesmo período em que tratavam com políticos do PT.
Em dezembro daquele ano, menos de duas semanas após a mensagem de Léo Pinheiro, Aécio Neves foi lançado pré-candidato a presidente da República pelo PSDB para 2014 em um evento com o então presidente da sigla Sérgio Guerra e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
O relatório da PF ressalta ainda que os interlocutores adotavam cautela “no sentido de não mencionar expressamente, em alguns casos, nomes e assuntos tratados, optando pela utilização de apelidos e siglas. ”
A mensagem surge em meio a conversa dos executivos para acertar o encontro de Uzeda com o embaixador de Moçambique, que estava viajando para o Brasil na época. O então diretor da empreiteira informa que já conhecia o embaixador e pediu que Léo Pinheiro lhe passasse o “histórico do contato”.
O ex-presidente da empreiteira responde: “Franklin Martins”, o ex-ministro da Secretaria de Comunicação do primeiro mandato do governo Lula e depois cita “Ok. Tem o Brahma (no) meio”, em referência ao ex-presidente Lula. Na conversa eles também relatam que o então embaixador de Moçambique teria contribuído para que outras empresas brasileiras conseguissem atuar no país africano.
Nem Aécio Neves nem Lula são investigados no âmbito da Lava Jato. Apesar de citado em uma delação do doleiro Alberto Youssef como sendo um político que “dividia” a propina referente a uma diretoria da estatal energética Furnas com o ex-deputado do PP José Janene (morto em 2010), Aécio Neves teve o inquérito contra ele na Lava Jato arquivado a pedido do procurador-geral da República Rodrigo Janot.
O nome de Lula, por outro lado, apareceu nas mensagens da OAS e numa planilha de pagamentos da Camargo Corrêa. A empreiteira, investigada por envolvimento no esquema de corrupção da Petrobrás, repassou entre doação e repasse ao Instituto Lula e à empresa de palestras do ex-presidente R$ 4,5 milhões.
O Instituto e a empresa do ex-presidente negam irregularidades nos repasses, afirma que eles não tiveram relações com questões eleitorais nem com a Petrobrás e afirma que foram referentes a serviços prestados e declarados.
Léo Pinheiro, por sua vez, é réu na Lava Jato acusado de atuar no núcleo empresarial do esquema que cartelizava licitações de obras da estatal e pagava propina para diretores da petrolífera indicados por partidos da base do governo – PMDB, PP e o PT.

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