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quinta-feira, 25 abril, 2024

Muito mi-mi-mi pra pouco estudo

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Ouve-se em animadas rodas de comadres reclamações contra as escolas, principalmente públicas. Queixam-se essas robustas senhoras não da qualidade do que é ensinado aos seus filhos. Têm como alvo questões menores, como merenda, material escolar e uniformes.
Não levam em conta também que a qualidade de ensino – pela qual deveriam brigar – está próxima da qualidade do estrume. Pagam o perueiro escolar, mas achavam cara a taxa que as antigas APMs cobravam. Contribuição voluntária, diga-se de passagem. Mas voltemos às questões da merenda, material escolar e uniforme.
Até há algum tempo não existia merenda escolar. Cada aluno levava seu lanche. Quem podia ostentava meio filão de pão recheado com queijo e presunto. Quem não podia se contentava com uma banana, um pão amanhecido com ovo frito ou uma fina fatia de mortadela. Nas lancheiras havia separação do lanche e do suco ou refresco Q-Suco. E todo mundo estudava. Todo mundo aprendia. Todo mundo era feliz.
Ninguém distribuía material escolar. As famílias se sacrificavam com as listas de começo de ano. Comprava-se tudo – livros, cadernos, lápis preto, lápis de cor, borracha e régua. Até a lapiseira tinha outra conotação. Não era o que é hoje. Lapiseira era um tubo, imitando uma caneta, onde se encaixava o toco do lápis. Aproveitamento total.
Quem podia levava para a aula bonitas caixas de lápis de cor. Doze cores eram suficientes. Mas havia quem tivesse caixas com até 48 cores. Um luxo só. Quem não podia, conservava o material o ano todo. Era aproveitado por irmãos menores no ano seguinte. Quem podia, arrancava folhas de caderno para fazer aviãozinho. Um crime arrancar folhas em branco.
Os pais compravam uniformes para seus filhos. E ai do aluno que se apresentasse à aula sem uniforme completo. Sapato preto, meia branca soquete, calça azul marinho, camisa branca. Algumas escolas exigiam gravata para os meninos. Para as meninas, uma fita, tipo laço.
Em época de ginásio, havia professores tão rigorosos que não permitiam a entrada de aluno que não usasse cinto preto. Sapato tinha de estar engraxado, brilhando. A preferência era para o antigo Vulcabrás que, dizia-se, durava mais que o dono.
Repetindo. Todo mundo estudava. Todo mundo respeitava os professores, a ponto de se levantar quando eles entravam na classe. Todo mundo respondia à chamada. Todo mundo aprendia de fato.
Tirar nota menor que 80 (era de zero a 100) um vexame lembrado pelos demais alunos. Havia mais matérias, inclusive. Tinha nota até para comportamento. Repetir de ano era vergonha. Aprendia-se Latim, Francês e até noções de Grego. História do Brasil, História Geral, Geografia. E até a temida Matemática tinha outro nome – Aritmética.
Eram tempos mais difíceis. Mas tempos sem mi-mi-mi. Tempos em que o chinelo era mestre de disciplina em casa. Tempos em que pais tinham autoridade e principalmente responsabilidade. Tempos em que comadres só trocavam receitas e pontos de bordado. Alguém duvida? Pergunte aos mais velhos.

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