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sábado, 20 abril, 2024

Quantos dias abalaram o mundo?

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Talvez os dez dias narrados por John Reed em livro, sobre a Revolução Russa, notadamente em Petrogrado. Talvez 13, em 1962, quando aviões americanos descobriram que os russos estavam montando mísseis em Cuba – foram 13 dias de tensão que deram em nada. E aqui, quais são esses dias?
Exatos 360. Descontados os cinco dias de Carnaval, os demais abalam o país inteiro e boa parte do mundo. Pela selvageria, pelo descontrole, pela ousadia da criminalidade, pela cara de pau de nossos políticos (algo impensável em países civilizados).
Nossa trégua durou exatos cinco dias. Começou na noite de sexta-feira e terminou na madrugada da quarta seguinte. Foram os dias de Carnaval, quando a televisão não mostrou tiroteios em morros cariocas, quando carteiras deixaram de ser roubadas, quando assaltantes gozaram de seu merecido descanso, e quando traficantes venderam drogas à vontade.
Foram cinco dias do país das maravilhas. Nada de crise política ou econômica. Nada de banditismo e falcatruas de políticos. Dias de festa, alegria, fantasias, cantorias e sexo no atacado – tanto que as campanhas, durante os carnavais, não são para moderar a bebedeira, e sim para usar camisinha.
E assim, de ilusão em ilusão, tocamos a vida. Terminado o Carnaval, está na hora de pensar na Copa do Mundo. Chegou a hora de mostrarmos nosso brio e fazer valer nosso futebol, e quem sabe comemorar com outra baderna uma conquista. Não importa que Neymar encha os bolsos e nós continuemos na miséria. Importante mesmo é ganhar a Copa. Importante é enfeitar as ruas, carregar uma bandeira e se postar como um idiota em frente a um aparelho de TV e ouvir a verborréia de Galvão Bueno.
Terminada Copa, logo virão eleições. Isso quer dizer horário eleitoral gratuito na TV. Outro espetáculo dantesco. Carnavalesco até. No Carnaval que passou importantes foram os comentários sobre o vestido transparente da Fátima Bernardes, os seios de Cléo Pires e os generosos traseiros exibidos à exaustão. Nas eleições, pouco vai importar o discurso dos candidatos.
Todos prometerão o mesmo – mais segurança, mais educação, mais saúde, mais emprego. Vão variar os sotaques e os eufemismos. A essência será a mesma. Na Copa, todos serão técnicos especialistas em futebol, pouco importando se a geladeira estiver vazia, se o emprego estiver difícil.
Terminadas as eleições, logo será Natal e Ano Novo. Mais festa, mais gastos, mais comilança e bebedeira. Até lá, os assuntos também serão os mesmos. Se Bruna Marquezine fica de vez com Neymar, se Tite mereceu ou não ganhar a Copa, se a Anitta vai fazer outra plástica, se o Big Brother de 2019 será diferente.
Terminou o ano e continuamos na mesma. Em vez de pensar no abalo que tudo isso nos causa, melhor mudar nossa bandeira. Em vez de Ordem e Progresso, melhor o antigo dito popular: Eu quero é rosetar. Bom dia, Brasil.

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