Um posto de combustíveis abandonado serve de abrigo para pessoas que não têm onde morar
O posto foi o primeiro da cidade a fornecer o gás natural para automóveis. Frequentadíssimo. Filas de carros esperando a vez do abastecimento. Isso num passado não muito distante. Fechado, o antigo posto está abandonado. Parte de sua construção já está destruída. E agora é ocupado por sem teto.
O posto fica na Ferroviários, esquina com a Engenheiro Monlevade. Área central. E a simples presença desses moradores tem afugentado a clientela do Mercadão da Ferroviários. O problema é que em muitos dias aparecem drogados, que se postam nos semáforos próximos para pedir dinheiro. Até o supermercado vizinho, o Extra, é prejudicado com tais presenças indesejáveis.
Matilde Ferreira tem 68 anos, está aposentada e todas as semanas sai com seu carro, um Ecosport, para as compras. Costumava passar pelo mercadão, mas agora desistiu – prefere ir ao do Vianelo, onde também não faltam flanelinhas. “Lá a extorsão dos guardadores de carro é mais sutil”, conclui.
No posto, além dos seus moradores fixos, estão também seus apetrechos, como carroças usadas para recolher sucata e material reciclável. Noutra parte, motoristas usam o espaço como estacionamento – algo perfeitamente legal.
Credita-se também ao posto abandonado a proliferação de guardadores de carro. Nos dias de feirão noturno na Vila Arens é possível apreciar o milagre da multiplicação – há mais flanelinhas do que carros a serem olhados. Vez ou outra alguém é roubado. Francisco, um aposentado de 72 anos, perdeu seu celular para um dos flanelinhas ao recusar dar dinheiro.
Não foi se queixar à Polícia. Até comemorou. “Era um celular antigo, que nem funcionava direito. Foi até bom, porque meu neto me deu outro, novo e moderno, que nunca levarei quando for ao feirão”. Tá explicado o ditado: há males que vêm pra bem.
