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terça-feira, 23 abril, 2024

Sincretismo – O Santo do Pau Oco

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Para aqueles que entram em contato com a Umbanda e demais cultos afro-brasileiros, uma das primeiras confusões aparece ao verem imagens de santos católicos no altar sendo saudados por nomes de Orixás. É o chamado “sincretismo religioso.”
Você já ouviu o termo “santo do pau oco”? Sabe exatamente de onde ele vem? Vem desse sincretismo. Os africanos escravizados no Brasil eram obrigados por seus senhores a cultuar imagens dos santos católicos, e se quisessem adorar seus Orixás, precisavam lançar mão de uma estratagema interessante: apanhavam a imagem de um santo, naquela época feitas de madeira, e cavar um orifício interno, colocando alí seus Axés, os assentamentos dos seus Orixás (objetos considerados sagrados), ou seja, deixavam o santo de madeira “oco” para colocar dentro dele aquilo que acreditavam representar seus Orixás. Assim podiam tocar e dançar para seus Orixás enquanto seus donos acreditavam que eles estavam dançando para os santos da Igreja.
A frase popular passou então a ser usada de forma pejorativa quando se queria insinuar que uma pessoa se fazia passar por santo quando na verdade não o era.
Apesar da imposição, esses africanos escolhiam a dedo os santos eleitos para simbolizar seus Orixás – por exemplo, se Ogum era o Orixá da batalha, dos soldados, um santo guerreiro teria que servir de símbolo deste culto no processo sincrético, Iemanjá, rainha do mar, era cultuada sob a imagem de Nossa Senhora dos Navegantes, e assim por diante.
Algo parecido também aconteceu com a Capoeira. Os donos de escravos e seus feitores jamais iriam admitir que grupos de negros treinassem uma arte marcial para aprenderem a se defender e a lutar, diante disso, os escravos adicionaram berimbaus e atabaques às rodas de treinos e entoavam cantigas, assim, enquanto pareciam estar apenas dançando, na verdade treinavam seus poderosos golpes.
Voltando ao “santo do pau oco”, o fato é que até os dias de hoje, o sincretismo acabou se tornando uma excelente ponte para se transpor com segurança a barreira do preconceito, despertando um sentimento de gratidão que marcou definitivamente o Orixá no Santo e o Santo no Orixá, para o Umbandista ambos são praticamente um só.
Veja a seguir uma lista da correspondência entre os Orixás e os Santos católicos na Umbanda:
Exu – Santo Antonio
Ogum – São Jorge
Oxóssi – São Sebastião
Ossaim – Santo Onofre
Oxumarê – São Bartolomeu
Obaluaiê ou Omulu – São Lázaro/São Roque
Xangô – São Jerônimo/São João Batista/São Pedro
Oiá ou Iansã – Santa Bárbara
Obá – Santa Joana D’Arc
Oxum – Nossa Senhora Aparecida
Logun-Edé – São Miguel Arcanjo
Iemanjá – Nossa Senhora da Conceição
Nanã – Sant’Ana
Oxalá – Jesus Cristo
Esta relação pode mudar dependendo da região do País, ou até mesmo de um terreiro para o outro, citei aqui a forma utilizada no Barracão de Pai José.
Por Pai Alexandre Falasco

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