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quinta-feira, 28 março, 2024

Choque de gerações

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Um pai estava indignado porque seu filho havia furado as duas orelhas e, em uma delas, exagerou no alargador. Quando questionado o motivo de sua indignação, ele respondeu que se fosse apenas um furinho na orelha esquerda, tudo bem… mas as duas???
Bem, neste momento alguns leitores estão concordando com a indignação dos pai e outros, certamente se perguntando porque este assunto seria relevante para esta coluna, já que furar as orelhas é tão comum quanto usar um boné ou deixar os cabelos crescerem. A relevância está na diferença entre os pontos de vista que cada geração alimenta. Para explicar melhor o assunto, vamos viajar um pouco no tempo.
Meu avô, nascido em 1905, usava roupas sociais. Era quase impossível ele sair a rua sem chapéu, se barbeava todos os dias e carregava um lenço no bolso. Meu sogro, nascido na década de 40 tem um bigodão acoplado e provavelmente, sem ele eu não o reconheceria já que nunca o vi sem. O irmão dele, cerca de 10 anos mais jovem mantem uma cabeleira caprichosamente penteada para traz, lembrando o Elvis Presley. Tenho um primo da década de 60 que usa camisa ou camiseta sempre por dentro da calça, independente da combinação (a filha dele diz que até de pijamas ele se ajeita dessa forma). Um outro primo mais jovem, nascido nos anos 80, mantem ainda um cavanhaque milimetricamente acertado e sempre é visto de boné. O filho dele, de 18 anos, também usa bonés, mas com a aba reta e suas barbas são grandes e despojadas.
Tenho certeza que você identificou muitos dos seus familiares no parágrafo acima e acredito que as idades e costumes também são semelhantes, afinal cada geração viveu uma onda, uma moda diferente. Mas o detalhe que realmente chama atenção é que os costumes adquiridos na pós-adolescência permanecem por toda uma vida, a ponto de muitos simplesmente não conseguirem mudar. E como não mudam, eles têm também a dificuldade de aceitar a forma de agir e se vestir dos que vêm depois.
Nos anos 60, homens tinham cabelos curtos, na de 70 eles deixavam crescer, na de 90 usavam um brinco na orelha esquerda, na década de 2000 já furavam as duas orelhas e nos anos atuais aderiram aos alargadores e tatuagens. Tudo normal e aquilo que era um choque para uma geração se tornou corriqueiro para a outra. Aliás, enquanto os costumes dos jovens incomodam os seus pais, o costume dos veteranos são motivo de riso para a garotada. Nunca ninguém foi tão assertivo neste assunto como Renato Russo, que cantou que “você reclama que seus pais não lhe entendem, mas você também não entende seus pais”.
“Filhos, respeitem seus pais. Pais, deixem seus filhos viverem”. Se depois dessa nossa reflexão, você ainda é o jovem que se irrita com o comportamento atrasado dos mais velhos, desencana, porque a chance de acontecer a mesma coisa com você num futuro muito próximo é enorme. E se você é o pai que, apesar de tudo, insiste em implicar com o visual debochado do seu filho, também fique tranquilo porque essa decepção é comum e só acelera o seu processo de envelhecimento.
Por Aguinaldo Oliveira

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