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quinta-feira, 28 março, 2024

Chega de deslumbre

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Definitivamente – vivemos numa terra de deslumbrados. Ora é o sujeito que se deslumbra com o carro novo do vizinho; ora a mulher que se queda ante a pulseira ou colar da amiga; ora aquela que não se cansa de ver suas próprias fotos no Facebook e fiscaliza quem curtiu ou comentou. Tudo deslumbre.
Mas não há deslumbre pior daquele que muita gente tem por celebridades, ou supostas celebridades, principalmente políticas. Dá para fazer o teste: se estiver numa roda de conversa, onde todo mundo desanca políticos, tudo muda quando chega um. Imediatamente cessam as críticas, aparecem os cumprimentos e as inevitáveis selfies, imediatamente postadas nas redes sociais. Puro deslumbramento.
É um culto de veneração desnecessário. O que é preciso entender é que políticos (sejam eles vereadores, deputados, prefeitos, senadores e até o presidente) são servidores e são pagos com dinheiro dos nossos impostos. Nós pagamos seus salários e suas mordomias – logo, eles são nossos funcionários.
Devem ser respeitados sim (nem todos) pela função, pelo trabalho, pelas propostas. Mas deslumbre já é demais. Seria como a patroa se desmanchar em gentilezas, exageradas em qualquer padrão, com a doméstica.
Muitos políticos também se deslumbram com o suposto poder que pensam ter. Exemplos estão em todos os lugares – basta analisar o comportamento e as atitudes de fulano enquanto era candidato e agora, depois de eleito. Virou otoridade. Está sempre em reunião, ocupado. Joga o abacaxi para os assessores (também pagos com o dinheiro dos nossos impostos), que vão protelar o quanto puderem.
Outros, mais deslumbrados ainda, exigem o tratamento protocolar de excelência. Andam de nariz empinado, alheios ao redor. E sempre há seus fiéis súditos, tão deslumbrados quando esses, que cumprem o papel de vassalos, mesmo vendo – ou fingindo não ver – que seu ídolo é um analfabeto funcional.
Em eras passadas, reis e imperadores se davam a esse direito. A maioria acreditava que o poder que detinham vinha de Deus, e criavam protocolos complexos e bizarros. Na corte de Dom João VI, aqui no Brasil, por exemplo, a partir de 1809 havia a cerimônia do beija-mão. Na Idade Média, muita gente morreu por não se curvar à passagem de um rei. Mas isso é um passado distante.
Hoje quem está no poder (?) foi eleito. Não foi Deus quem lhe transmitiu a benesse, e sim os eleitores. O propósito é servir a sociedade, o povo, e não deles se servir. Recebem dinheiro público, resultado dos impostos, e são obrigados, sim, a prestar conta do que fazem. Não são divindades, nem estão acima do bem ou do mal.
Mas como afirma o velho ditado, enquanto houver otários, sempre haverá espertos.
Por Anselmo Brombal

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