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sexta-feira, 26 abril, 2024

Vamos terceirizar tudo (*)

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Depois que foi aprovada a terceirização, há uma certa expectativa em empresas e sindicatos sobre o que vai acontecer daqui em diante. Dizem os sindicatos que isso é extremamente prejudicial aos trabalhadores, o que é verdade; e diz o governo que a terceirização vai criar novas oportunidades de empregos. Também verdade, em parte.
Na realidade vai criar um novo escravagismo. Serão os escravos mais ou menos remunerados, diferentes dos escravos que já conhecíamos, que eram obrigados a trabalhar a troco de comida, cama e chicote. Os novos escravos receberão, mas não terão o suficiente para a cama e a comida. Talvez o chicote venha como brinde.
Nem sempre terceirizados são a solução. Basta experimentar o uso desses serviços, com raríssimas exceções. E isso vale tanto para o prestador desse serviço como aqueles que tomam esse esse serviço. Nota zero, com louvor.
Em alguns prédios residenciais, onde há portaria, vigilância e limpeza terceirizadas, são comuns algumas barbaridades. Há porteiros que querem mandar nos moradores, como há zeladores – também terceirizados – que ditam normas aos moradores. Deveria ser o contrário. Quem paga o salário dessa gente são os moradores. Então, em tese e direito, quem deve ditar normas são os moradores.
Empresas que fornecem terceirizados vão bem financeiramente, via de regra. Sinal que lucram, e muito, em cima do trabalho de seus escravos. Já havia terceirização antes, mas ela era permitida somente para a atividade meio. Agora pode tudo. Liberou geral.
Um banco poderá contratar uma empresa para atender a clientela. Um hospital pode contratar uma empresa médica para tocar o negócio (sim, hospital é um ótimo negócio), se bem que isso já aconteça faz tempo.
E embora nossos políticos tenham imaginação fértil na hora de enganar os eleitores e de criar formas de roubar, nada supera a criatividade do povo. Já tem gente sugerindo terceirizar os deputados e senadores. Importar políticos suecos e finlandeses para tocar a vida no nosso Congresso e nas assembléias.
Eles trariam para cá sua cultura e seus costumes, sem roubalheira, sem falcatruas. Trariam sua latente honestidade e amor à pátria. Bem diferente do que acontece hoje. Até o presidente da República poderia ser terceirizado – em vez do Conde Drácula, poderíamos entregar o cargo para Barak Obama. Se quiséssemos viver em paz.
Se é encrenca que procuramos, poderíamos entregar o cargo para Vladimir Putin, o russo que ameaça por fogo no mundo pelo menos uma vez por semana, e que não engole desaforo. Seria a chance de nossa desforra.
Lançaríamos mísseis na Bolívia, para que os bolivianos nos devolvesse a refinaria que tomaram da Petrobras há algum tempo. Invadiríamos o Paraguai para trazer de volta os carros que foram roubados daqui. De quebra, acabaríamos com suas exportações de maconha, cocaína e armas – o mesmo que abastece nossos amados traficantes.
Para os nacionalistas, a solução seria importar a monarquia sueca, um exemplo de lisura e honestidade. A rainha sueca, pra quem não sabe, é brasileira. Dona Sílvia Renata Sommerlath é casada com o rei Carlos Gustavo 16 (por lá, como o povo estuda, escreve-se XVI).
Uma boa pedida também seria o ex-primeiro ministro da Itália, Silvio Berlusconi. Fanfarrão como só ele, a italianada daqui iria adorar. E a brasileirada mais ainda – Berlusconi ficou conhecido pelas orgias que promovia com jovens modelos.
Como o próprio Conde Drácula afirmou, a terceirização é ótima. Concordamos, mas comecemos por ele, pelo Congresso e pelas assembléias. Terceirizar os políticos é a nossa salvação.
(*) Escrito por jornalista não terceirizado

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