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sábado, 20 abril, 2024

A carniça nossa de todos os dias

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Tornamo-nos hienas. Já ríamos à toa, e agora se comprova que comemos carniça. Não só isso. Engolimos papelão, tomamos leite com formol ou água oxigenada, pelos de rato, fezes de pombas. E nem vivemos em países africanos em tribos. Como diz o refrão, somos brasileiros, com muito orgulho, com muito amor…
O estrago que a Polícia Federal fez na semana passada foi grande, mas serviu para mostrar o quanto somos explorados. E isso porque a fiscalização pegou meia dúzia de tubarões, de grandes empresas. Se fiscalizar de verdade não sobra nada. E nem precisamos ir tão longe. Basta ver as condições de higiene de alguns restaurantes e lanchonetes jundiaienses, desses que operam diariamente o milagre de transformar restos de carne em croquetes, que reaproveitam recheios e sobras de pratos. Dá nojo.
Há gente fazendo de tudo para empurrar a carniça para nossos estômagos. Um dos disfarces é temperar. Outro é fazer filé. Carnes que estão vencendo são reembaladas com tempêro. Uma facilidade e tanto para as donas de casas. Peixes podres são eviscerados e apresentados, horas depois, como filé. Outra facilidade para a dona de casa que não precisa limpar o peixe, nem recolher as escamas que se grudarão nos ladrilhos da cozinha.
Houve uma pastelaria, há algum tempo, que pegava esfilhas comidas pela metade,largadas no prato imundo pelos clientes, que eram reaproveitadas – o china habilmente enfiava o dedo sujo no resto da esfilha, retirava o recheio e mandava de volta para o panelão.
Há bares que têm no balcão um pequeno tonel, o conhecido corote, com cachaça de alambique (aliás, todas são de alambique). E há donos de bares que pegam todos os restos de cachaça deixados nos copos e colocam nesse corote. Há quem tome essa mistura de baba e cachaça com feliciedade ímpar estampada no rosto.
Carne estragada, vencida, podre, salsicha com papelão e linguiça com carne de cabeça de porco foram apenas uma amostra de como nossas otoridades respeitam a saúde pública. Há muito mais a ser visto, como hospitais que aplicam medicamentos vencidos, supermercados que retiram a capa podre da peça de carne e reembalam com nova data de vencimento, ratazanas nas cozinhas de restaurantes e falta de higiene nesses restaurentes de rua, os chamados food trucks.
Mas não é isso que acontece. As otoridades estão mais preocupadas em encher os bolsos e aumentar o patrimônio. Pouco ou nada se importam com a saúde da população. A plebe está aí para servir. Logo voltaremos aos tempos dos campos de concentração nazistas, onde prisioneiros comiam até solas de sapatos para saciar a fome.
Desconte-se nessa balbúrdia a trapaça oficial. A trapaça da gasolina que não é bem gasolina. Tem 27% de álcool. Sai batizada da refinaria, com certidão de batismo. Nos postos e distribuidoras muitas vezes é crismada com água e outras porcarias.
Desconte-se que aqui é permitida a colocação de milho transgênico no lugar da cevada para a fabricação de cerveja. Coisa que os fabricantes colocam em seus rótulos como sendo cereais não maltados.
Como sempre, nem todas as mentiras são confiáveis. No domingo passado, por exemplo, o presidente Conde Drácula foi com outros 79 vampiros a uma churrascaria, acompanhado da imprensa, como que a mostrar que comer carniça não é problema. Tirou fotografias, elogiou os frigoríficos criminosos. E os funcionários da churrascaria disseram o básico – lá não se trabalhava com carne nacional, somente importada.
E isso lembra a velha historinha da criação do mundo, quando Deus foi questionada por alguns anjos o porquê de no Brasil não haver, guerras, catástrofes, terremotos. Deus teria dito: Vocês vão ver o povinho que vou colocar aí. Colocou mesmo.

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