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sábado, 20 abril, 2024

Editorial: Mania de doar

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Está na moda pedir doações. Basta arranjar um motivo e imaginar uma campanha qualquer que as doações vão aparecer. Na semana seguinte aos temporais que atingiram cidades da nossa região, pipocaram campanhas nas redes sociais. Compreensível até pela dimensão dos estragos.
É uma cultura (a de doações) que tem crescido nos últimos tempos. Parte pela comoção e  apelos, parte pela esperteza de alguns que se aproveitam de momentos para encher seus bolsos. Até hoje, por exemplo, não chegaram as doações às cidades cariocas da região serrana atingidas pelas chuvas de 2013. Também já foram encontrados lotes de doações solenemente desviados pelos espertinhos.
A caridade faz parte do pensamento humanitário e cristão. Ajudar o próximo é algo que remonta a antiguidade. Mas, ao mesmo tempo que há gente doando por desencargo de consciência, há gente se acomodando à situação da caridade. Até há algum tempo havia gente que morava em favela e jamais lavou uma roupa – tudo o que chegava (doado) era usado e descartado. Sobravam roupas.
A frase mais comum que se vê em cartazes, panfletos ou noticiário é sobre a doação de um quilo de alimento não perecível. O Fundo Social de Jundiaí tomou uma providência excelente há alguns anos. Concentrou os cadastros dos que precisam e entrega suas doações a entidades mais próximas desses necessitados.
Isso pôs fim a uma malandragem até então existente: pessoas se cadastravam em diversas entidades, e como essas não se comunicavam, acabavam entregando roupas e alimentos às mesmas pessoas. O excedente era vendido em alguns casos; em outros – a maioria – era trocado por cigarro e cachaça.
A malandragem – expoente  máximo da cultura brasileira – justifica o número de organizações não governamentais hoje existentes. Há as sérias, bem intencionadas e dirigidas. E há as que aproveitam as brechas legais para engordar seus diretores com dinheiro alheio.
A caridade é necessária. Nem todos têm oportunidades de crescer pessoal e profissionalmente, dar um lar para a família e conseguir o sustento. Mas não é justo se explorar essa necessidade. Mais injunto ainda se aproveitar da boa fé das pessoas dispostas à caridade para encher os bolsos. Algumas chibatadas talvez resolvessem o problema dos mal intencionados.

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