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quarta-feira, 24 abril, 2024

Editorial: Outro caso, o do Moreira

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Na semana passada, a Justiça de Jundiaí condenou um dos donos do Grupo Moreira pela fraude praticada contra centenas de investidores. Como em todos os casos, a defesa tentou separar o dono do negócio do próprio negócio para isentá-lo de responsabilidade. A Justiça não embarcou na tese e contrariou a norma da empresa quebrada com dono rico. Coisa mais comum do que se imagina.
Calcula-se que o prejuízo que o grupo causou aos jundiaienses passe de um bilhão de reais – algo equivalente a diversas mega senas acumuladas. Mas aquelas megas de fim de ano. Para fazer funcionar o esquema, o grupo pegava dinheiro de quem tinha, prometia aplicar e fazer render juros bem acima do mercado. Muita gente embarcou, mas o milagre não aconteceu.
Há dois fatos a lamentar. O primeiro é que muita gente ainda acredita em lucro fácil e rápido, e essa vontade de ganhar dinheiro torna essa gente cega e irracional. Não pensa racionalmente na consequência. Não desconfia. Segundo, é que Jundiaí é uma terra propícia para golpes. Não é o primeiro.
Nos anos 1970 apareceu por aqui uma empresa, a Satel Comunicações, que prometia algo fantástico. Na época não havia TV a cabo, nem parabólica, nem retransmissores em UHF. A proposta da Satel era colocar uma enorme torre no Jardim Tarumã para captar os sinais de TV emitidos na Capital, melhorá-los (como ninguém pensou) e distribuir por cabo às casas e prédios da cidade. Seria uma TV a cabo meio rudimentar.
A Satel vendeu muitas assinaturas. Distribuiu carnês, então uma novidade a possibilidade de pagar o serviço em prestações, e depois, com o bolso cheio, desapareceu. Deixou todo mundo na mão. Tempos depois, apareceu outro grupo prometendo pagar juros de amigo aos investimentos.
Foi a época da SPI (Sociedade Paulista de Investimentos), que aproveitava as siglas para seu slogan – Segurança para Investir. Também deixou milhares de jundiaienses sonhando durante algum tempo. Num dia qualquer, fechou as portas e desapareceu.
Ainda hoje aparecem no comércio gente prometendo milagres. O maior deles é o da edição de revistas. São projetos mirabolantes, que arrancam dinheiro de comerciantes mas não produzem nada de positivo. Na maioria das vezes, essas revistas nunca aparecem – é o golpe puro, na essência. Em alguns casos, a revista chega a ser feita, impressa, mas não é distribuída.
O caso do grupo Moreira é mais um que se junta ao portfólio de encrencas da cidade. E isso, pelo jeito, não vai parar nunca. Como dizia um sábio delegado, todos os dias nascem um otário e um esperto – quando se encontram, dá negócio.

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