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quinta-feira, 25 abril, 2024

Editorial: Os pecados de Cunha

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Depois de aceitar o pedido de abertura do processo de impeachment contra a presidente, o senhor Eduardo Cunha tem multiplicado suas reuniões e conchavos, procurando garantir que as coisas andem como quer. E o fato de aceitar o pedido, justamente naquele momento, é prova incontestável que entre eles – os raposões – se age conforme o interesse próprio.
Não se trata de defender a presidente. Longe disso. O problema é que o senhor Cunha, como presidente da Câmara dos Deputados, deveria ter outra postura. No mínimo séria e coerente. Mas não. Agiu pensando com o fígado, não com o cérebro. Só aceitou o pedido depois de ser informado que três deputados do PT, que formam a COmissão de Ética, votariam para derrubá-lo. Foi uma vingança.
A situação de hoje é bem diferente da de 1992 quando Fernando Collor tomou o primeiro impeachment da história. Os deputados e senadores eram outros, mais sérios e coerentes que os atuais. E menos enlameados. E os motivos também – se bem que o xis da questão, na época, foi a compra de uma perua Fiat Elba.
Dona Dilma não é a presidente que todos queremos – mas a maioria quis. Dona Dilma falha ao tentar impedir qualquer tipo de investigação sobre seu governo – se tudo estivesse em ordem, escancaria as gavetas para deputados e senadores fuçarem à vontade. Como tem conta no cartório, trancou tais gavetas.
O que o senhor Cunha conseguiu com isso? Primeiro elevou seu prestígio junto aos deputados e senadores contrários à presidente, iludindo-os com a possibilidade de governarem. Insuflou algumas correntes do PSDB, que agora querem que a presidência seja entregue a Aécio Neves, como se não houvesse Constituição.
Colocou algumas alas mais radicais, como o MST, em pé de guerra. O MST, por sinal, já prometeu defender com unhas, dentes, pedaços de pau e bombas o governo que o ajuda com verbas generosíssimas.
Trouxe de volta o boquirroto Lula a vomitar mais asneiras e mentiras – ele afirmou estar indignado. Engano, todos estamos indignados não só com isso, mas com tudo o que está acontecendo. Com a roubalheira deslavada, com a corrupção oficial e institucionalizada, com o cinismo e o escárnio.
Já tem gente comemorando a queda da presidente. Outro engano. Como todos são farinha do mesmo saco – e farinha de terceira qualidade – nada vai acontecer. Todos têm o rabo preso pelas falcatruas e negociatas. Que haja uma certeza: bandidos também são solidários, e numa hora assim, vão se ajudar. Para continuar roubando.

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