Governo quer colocar mais álcool na gasolina

Estava ruim? Vai ficar pior. O governo está estudando aumentar a porcentagem de mistura na gasolina – em vez dos atuais 25%, quer 27,5. Único país do mundo a agir dessa forma, é também o que já entrega gasolina batizada, o que vai motivar novas correrias às oficinas para regulagem de motores.
As desculpas são inúmeras, mas a realidade é uma só: o lobby dos usineiros para escoar a produção de álcool. A previsão é que a mistura comece a ser feita em abril do próximo ano – justamente o período em que a safra de cana está no auge.
Mas há um problema – na entressafra, o álcool desaparece e costuma ter seu preço maior. Mas os usineiros pensam em fazer um documento garantindo que não vai faltar álcool. E não é pouca coisa: com o aumento da mistura, calcula-se que sejam necessários entre 800 milhões a um bilhão de litros de álcool. Uma ressalva – documento de usineiros é letra morta. Eles são os maiores devedores em bancos oficiais, apesar de assinarem tudo.
 
Mais álcool prejudica o motor.
É só trapalhadas. No começo do ano, o governo resolveu estimular a melhoria relativa de consumo/autonomia entre etanol e gasolina em motores flex, porque a indústria se acomodou e hoje mal consegue manter a paridade esperada de 70%. A nova lei sinaliza apenas que “poderá” haver abatimento de imposto para veículos que alcançarem relação acima de 75%.
Os testes da Petrobras indicam que mais álcool na gasolina vai deixar todo mundo no clima de tudo bem. Mas não é isso. No recente Seminário Internacional de Combustíveis, em São Paulo, ficou clara a discórdia entre governo, agência reguladora (ANP) e Petrobras – a responsável por toda a gasolina vendida no país. Em dezembro de 2009, decidiu-se que o Brasil passaria a trabalhar só com gasolina aditivada em janeiro deste ano. A proposta não deu em nada e acabou adiada para julho de 2015. Ou seja: uma finge que regulamenta e a outra finge que não entende